Milionário Senhor das Profundezas alcança naufrágio mais profundo dos mares
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Foto: reprodução @victotlvescovo/Tamara Stubbs
Na semana passada, o milionário e aventureiro americano Victor Vescovo, de 55 anos, acrescentou mais uma façanha ao seu currículo de grandes feitos.
A bordo de um mini-submarino que ele mesmo mandou construir, ao custo de quase 300 milhões de reais, Vescovo desceu até o mais profundo naufrágio até hoje conhecido, o do destroier americano USS Johnston, afundado pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial, que repousa no fundo do mar das Filipinas, a impressionantes 6.456 metros de profundidade.
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Reprodução Twitter @VictorVescovo
Nunca ninguém havia feito isso.
Mas Vescovo fez, apenas pelo prazer que sente em visitar as profundezas dos oceanos, e assim, de alguma maneira, ajudar a ciência – além de torná-lo um pouco mais famoso, é claro.
Afundou atirando
"Encontramos dois terços do navio intactos e com suas armas apontadas para a mesma direção, o que significa que ele afundou ainda disparando contra os navios inimigos", escreveu Vescovo ao anunciar o inédito mergulho, feito na companhia de dois oficiais da Marinha Americana, que ele convidou para ir no mini-submarino.
"No silêncio das profundezas, prestamos nossas homenagens àqueles bravos marinheiros", escreveu o explorador, que também é um ex-oficial da Marinha Americana.
Primeiro comandante índio dos EUA
Na homenagem, Vescovo estava se referindo em especial ao capitão do USS Johnston, Ernest Evans, cujos pais eram índios cherokees e que se tornou o primeiro nativo 100% americano a comandar um navio de guerra dos Estados Unidos.
Ao receber a incumbência de comandar o USS Johnston, Evans, que também morreu no ataque, juntamente com outros 185 dos 327 tripulantes do navio, havia prometido lutar até a morte, o que de fato fez, aos 36 anos de idade.
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Reprodução Twitter@VictorVescovo
Por isso, o comandante do USS Johnston recebeu, postumamente, a Medalha de Honra, a mais alta honraria da Marinha Americana.
A maior das suas façanhas
Para visitar o naufrágio mais profundo do mundo entre os já conhecidos (certamente há outros, ainda mais profundos, mas que ainda não foram descobertos), Vescovo usou o mini-submarino DSV Limiting Factor, que tem casco de titânio com nove centímetros de espessura, para suportar a extraordinária pressão das grandes profundezas.
Foi o mesmo submarino que ele usou para realizar aquela que, até hoje, foi sua maior façanha.
Ponto mais profundo do planeta
Entre o final de 2018 e meados de 2019, Vescovo mergulhou, sozinho, nos cinco pontos mais profundos dos cinco oceanos do mundo – incluindo o mais profundo ponto do planeta, a Fossa das Marianas, no Oceano Pacífico, quando chegou a impressionantes 10 924 metros de profundidade.
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Reprodução Instagram @victorlvescovo
O feito lhe valeu o apelido de Senhor das Profundezas e a entrada no Livro do Recordes, como autor do mergulho mais profundo do mundo, embora sua marca tenha sido contestada pelo diretor de cinema James Cameron, também um apaixonado pelas grandes profundezas e o primeiro homem a visitar o Titanic no fundo do mar, navio que ele ajudou a eternizar no cinema.
Fogueira submarina das vaidades
Cameron havia mergulhado na mesma Fossa das Marianas um pouco antes de Vescovo, e tocado o fundo a 10 908 metros de profundidade – 16 metros a menos que a marca que Vescovo disse ter atingido.
Na ocasião, chamuscado pela fogueira das vaidades que passou a arder entre os dois exploradores submarinos, Cameron alfinetou o milionário americano.
"Ele não pode ter atingido um ponto que não existe", disse o diretor de Titanic.
Único a visitar os extremos do planeta
Mas a polêmica só fez aumentar a popularidade de Vescovo entre os exploradores modernos.
Ele é um aventureiro nato.
Já caminhou até os dois polos magnéticos do planeta, o Polo Sul e o Polo Norte, e escalou as sete maiores montanhas do mundo, incluindo a mais alta de todas, o Monte Everest.
victotlvescovo@
Com isso, após descer ao ponto mais profundo dos oceanos, tornou-se a única pessoa do mundo que já esteve nos dois pontos mais opostos do planeta: o mais alto e o mais baixo.
Agora, tornou-se também um dos três únicos homens a ver, com os próprios olhos, o naufrágio mais profundo do mundo, a mais de 6,5 quilômetros da superfície.
"Sempre gostei de desafios", resume Vescovo.
O que há nas profundezas?
Atlantic-Productions/Discovery Channel
"Silêncio. Um relaxante silêncio absoluto".
Foi assim que Vescovo descreveu o que encontrou no fundo das Fossas Marianas, em 2019.
"Lá embaixo, a escuridão é total e o silêncio, total. É um ambiente que traz muita paz de espírito", disse o explorador, que, na ocasião, se tornou a quarta pessoa a descer até o ponto mais profundo do planeta.
A conquista do fundo do mundo
Os dois primeiros foram o americano Don Walsh e o francês Jacques Picard, que, em 1960, durante uma expedição promovida pela Marinha Americana, chegaram ao fundo da Fossa das Marianas a bordo de um batiscafo, uma espécie de avô dos atuais mini-submarinos, que funcionava feito uma espécie de balão ao contrário.
Wikimedia Commons
Mas os dois pouco viram, porque, sem câmeras e com uma única janelinha do tamanho de uma moeda, na escuridão das profundezas, praticamente não enxergaram nada.
Mesmo assim, visualizaram uma nova espécie de peixe, quase transparente, e comprovaram que mesmo no ponto mais inóspito e profundo do planeta há vida.
Foi a maior herança deixada por aquele histórico mergulho, cuja interessante história sobre a conquista do ponto mais profundo dos oceanos, que aconteceu apenas 61 anos atrás, pode ser conferida clicando aqui.
Já Vescovo conta com a ajuda da alta tecnologia e nenhum problema financeiro para seguir adiante com o projeto continuar mergulhando em pontos dos oceanos onde ninguém jamais esteve, aumentando assim ainda mais a coleção de feitos do cada vez mais famoso Senhor das Profundezas.
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