O sumiço do observatório submarino continua. Mas a polícia tem nova teoria
Dez dias atrás, o prestigiado Centro de Pesquisas Oceânicas Geomar Helmholtz, da Alemanha, que desenvolve avançados estudos submarinos, anunciou, atônito, que um dos seus equipamentos, um observatório científico chamado Boknis Eck, havia desaparecido misteriosamente do fundo da baía da cidade alemã de Kiel, no Mar Báltico, onde operava desde 2016.
O sumiço do equipamento, que tem o tamanho de um automóvel, pesa quase 750 quilos e nenhuma outra serventia que não sejam as pesquisas submarinas, causou perplexidade na comunidade científica mundial. Em especial entre os pesquisadores da Geomar Helmholtz, que jamais haviam imaginado que um mecanismo daquele porte, e com aquela especificidade, pudesse simplesmente desaparecer ou, mais absurdo ainda, ser roubado, ainda mais no Primeiríssimo Mundo da Alemanha.
Na ocasião, mergulhadores desceram até o local onde o observatório ficava, solidamente ancorado no fundo da baía, e só encontraram os cabos que uniam o equipamento à base arrebentados e nenhum sinal da estação científica, que não passa de uma estrutura de metal com alguns captadores.
As primeiras hipóteses foram que o equipamento pudesse ter sido arrancado do local por uma tempestade ou corrente marítima mais forte, ou pela colisão com algum animal marinho de grande porte, como uma baleia. Mas ambas foram logo descartadas, porque se isso acontecesse a estação fatalmente seria encontrada nas proximidades – o que não aconteceu.
Teria sido roubado?
Tomou força, então, a hipótese de roubo. Mas como ninguém conseguiu explicar o que ladrões fariam com um observatório científico submarino, ela também foi descartada.
Agora, a polícia alemã trabalha com outra hipótese, bem mais plausível: a de que algum barco de pesca teria enganchado suas redes no equipamento e o arrastado para bem longe – ou tratado de se livrar dele, afundando-o em algum ponto distante assim que percebeu o erro.
Se isso for comprovado, o que mergulhadores tentarão fazer agora, rastreando o fundo da baía em busca de marcas no leito marinho, é saber qual é o barco em questão. Se identificado, este será duplamente responsabilizado: por ter destruído equipamento científico e por ter feito isso numa área onde a navegação é proibida, justamente por conta do aparelho.
O local era proibido
A suspeita é que o suposto barco infrator tenha desligado propositalmente seus equipamentos de identificação, que permitiriam sua imediata localização pelos agentes encarregados de fiscalizar a baía, ao entrar na área proibida para não ser descoberto pescando em área restrita – e, ainda por cima, com redes de arrastro, que capturam e destroem tudo o que há no fundo mar, por isso mesmo condenadas pelos ambientalistas.
Para isso, a polícia conta a possibilidade de achar alguma testemunha que pudesse ter visto o barco infrator e ajude a identificá-lo. Ou que algum tripulante dê com a língua nos dentes, o que é menos provável.
Valor inestimável
Já a empresa dona do equipamento está usando um navio equipado com um poderoso sonar para tentar encontrar o equipamento perdido, que vale o equivalente a cerca de R$ 1,5 milhão. No entanto, segundo os cientistas, ele também contém dados sobre temperatura da água, salinidade, fluxo de correntes, quantidade de nutrientes e gases submersos "de valor inestimável".
Por isso, por enquanto, a polícia alemã tem apenas uma batata quente nas mãos e precisa responder rapidamente à pergunta que todos fazem na cidade de Kiel, local da sede da Geomar Helmholtz: onde foi parar o observatório científico submarino misteriosamente desaparecido?
Fotos: Research Dive Center of the CAU
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