30 anos atrás, um inesperado “presente” chegou às praias do Rio de Janeiro
30 anos atrás, em 1988, um fato inédito ocorrido no mar do Rio de Janeiro fez a alegria de paulistas e cariocas: o surgimento de nada menos que 15 000 latas cheias de maconha nas praias da cidade.
As latas, de bom tamanho e repletas de maconha da mais alta qualidade, vieram do mar, trazidas pelas ondas, o que, sobretudo para os surfistas, foi saudado como uma espécie de presente de Iemanjá. Mas o motivo, obviamente, era outro.
Dias antes, ao perceberem que seriam descobertos pelas autoridades brasileiras, os tripulantes do barco panamenho Solana Star, que havia partido de Cingapura e seguia para Miami, decidiram desovar no mar, entre o litoral de São Paulo e do Rio de Janeiro, toda a sua carga: nada menos que 22 toneladas de maconha, que eles transportavam disfarçadas dentro de latas que imitavam alimentos em conservas.
E elas foram dar nas praias tanto do Litoral Norte de São Paulo quanto da Zona Sul carioca, o que gerou um frenesi sobretudo no Rio de Janeiro. De repente, todo mundo passou a vasculhar as praias da cidade em busca das latas, a despeito das ações da polícia, tentando resgatá-las primeiro – não se sabe se para entrega-las a justiça ou para desviar algumas, alimentando assim o mercado carioca de drogas.
O fato é que surgiram latas de maconha por todos os lados e algumas delas são guardadas até hoje pelos seus captores, como uma espécie de troféu e lembrança de um fato extraordinário, que ficou conhecido como "O Verão da Lata".
Das 15 000 latas que o barco transportava, apenas pouco mais de 2 500 foram recuperadas pelas autoridades brasileiras nas praias. As demais serviram para embalar festas no Rio de Janeiro e até cunharam a expressão "Da Lata" como sinônimo de coisa boa.
Já o barco que causou isso tudo teve um final bem menos glorioso. Depois de ser retido no porto do Rio de Janeiro e, mais tarde, leiloado, acabou afundando na primeira viagem que fez, já com outro nome, Tunamar, nas imediações do litoral de Arraial do Cabo, no litoral norte do Rio de Janeiro.
Hoje, o barco que fez a alegria dos maconheiros cariocas 20 anos atrás serve de atração para os mergulhadores que o visitam no fundo mar, em busca de diversão e – quem sabe? – alguma lata esquecida no casco.
Se quiser ler mais sobre este curioso fato, que já foi tema de dois livros (O Verão da Lata, de Oscar Cesarotto, Ed. Iluminuras, 2005; e Verão da Lata, de Wilson Aquino, Editora Casa da Palavra, 2012), um documentário (O Verão da Lata, de Tocha Alves e Haná Vaisman) e título de disco da cantora Fernanda Abreu, clique aqui.
Fotos: Reprodução/O Verão da Lata
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